Mesmo sendo Vila de Urucuia, nome oficial do distrito, ningúem assim o chamava, sendo que, até mesmo nas correspondências, vinha sempre sobrescrito "Porto da Manga".
A fundação do Distrito é atribuída a Policarpo Ramos, latifundiário na época, um dos primeiros moradores e um dos fundadores do Distrito. Ele doou uma considerável área de terra para a fundação do patrimônio da Vila e para a construção da Igreja Católica, que foi construída em homenagem à "Nossa Senhora da Conceição", padroeira da região e cujos festejos continuam até os dias atuais.
Nascia então o povoado de Urucuia e a história de seus fundadores, que inicialmente foram poucos, entre eles: Policarpo Ramos, Flonora Martins Ramos, João Honorato e outros. Os tempos foram passando e novas gerações foram surgindo, gente simples, rude, castigada pelo sofrimento e por muitas dificuldades, uma vez que, naquela época, não havia nunhuma rodovia e todo o transporte era realizado através de animais ou por via fluvial através do Rio Urucuia. Assim era feito o transporte de passageiros, cargas e até mesmo em casos de emergências hospitalares.
Mesmo com a simplicidade do povo, foram eles que mais contribuíram e colaboraram para o desenvolvimento do distrito, podendo ser citados aqueles que mais se destacaram: Antônio Esteves dos Anjos, Heitor Marques Viana, José W Carneiro, Tertuliano Carneiro, Manoel José dos Santos, Manoel Sabino da Rocha, José vulgo "Jucão" e Rufino José dos Santos.
Ao passar dos anos, alguns simples fazendeiros conseguiram acumular grandes fortunas. Como exemplo podemos citar o Sr. Antônio Esteves dos Anjos, que passou a ser grande latifundiário, criador de considerável rebanho de gado bovino que gozava de um altíssimo poder político-econômico. Coronel Antônio dos Anjos, como era chamado e conhecido em todos os rincões do Estado de Minas Gerais, foi grande comprador e vendedor da região, onde boiadas inteiras eram comercializadas e transportadas por seus vaqueiros em lombos de animais até as cidades de Patos de Minas - MG e Barretos - SP, onde eram vendidos e colocados nas grandes invernadas da região.
Outro exemplo é o fazendeiro Manoel Sabino da Rocha, pequeno agropecuário, também produtor de cachaça. Sua produção era feita em alambique rudimentar, cuja cana era moída em engenho de madeira à tração animal, instrumentos que quase não existem mais. Com a chegada do progresso e o desenvolvimento de novas tecnologias, sua produção foi substituída pelos modernos e sofisticados maquinários.
Na década de 50, foi construída a Rodovia de São Francisco, utilizando-se somente a força humana e ferramentas manuais, pois nesta época não havia nenhum maquinário na região. A Rodovia representou um grande avanço para a época, pois passavam a transitar os primeiros veículos e alguns moradores já poderiam fretar carros para transportar suas mercadorias, materiais de construção e outros.
Bem próximo do povoado de Porto da Manga, na Fazenda Gameleira, o empresário Francisco Cavalcanti Albuquerque comprou uma grande área de terra onde construiu um considerável patrimônio - casa de comércio, moradias de colonos e vaqueiros, igreja, escola e outras - desenvolvendo um excelente comércio e atraindo uma grande freguesia por toda a região. Cavalcanti possuía caminhão, automóvel e quando alguém necessitava de transporte, fretava os seus, pois eram os únicos da região. Chegou até a construir um grande trecho de rodovia com seus próprios recursos. Viveu em sua fazenda até a sua morte, e foi sepultado em sua propriedade no pátio da Igreja "Coração de jesus".
Américo Martins, empresário em Montes Claros - MG, comprou boa parte da Fazenda Santa Cruz, para onde se mudou atraído pela natureza da região e pela beleza das águas cristalinas, pois o lugar apresentava-se como um dos maiores potenciais hídricos da região. Explorou o comércio e foi grande criador de gado de corte. Construiu várias casas em sua fazenda, além de uma igreja. Assentou uma roda d’água próxima a casa-sede, onde captava um grande volume de água do córrego Taboca para servir sua residência, uma piscina e uma pequena irrigação de cana no qual era utilizada para fabricação de pinga.
A década de 70 foi marcada por uma nova geração mais evoluída. Foram os vários filhos da terra, que estudaram em colégios de fora, e que acabaram por assumir as lideranças da localidade e contemplando a Vila do Urucuia com alguns programas governamentais, como: Posto de Saúde, Energia Elétrica gerada através de motor mecânico e a construção da Rodovia São Francisco - Arinos, ligando o município a estas duas cidades e consequentemente às demais regiões do Brasil.
O ensino na Vila é reformulado com a reconstrução do colégio e com a chegada de novas professoras com curso superior, dentre elas, Maria Helena Esteves dos Anjos e Maria Magdalena Esteves dos Anjos. A escola nesta época se chamava "Escola Estadual Vila de Urucuia", tendo mais tarde o nome mudado para "Escola Estadual Antônio Esteves dos Anjos".
O comércio passou a se destacar, podendo se encontrar a maior parte dos itens necessários no comércio local, sendo que os comerciantes de maior destaque foram os Senhores Antônio Soares de Oliveira e Raul Cardoso da Mata.
A década de 80 foi uma verdadeira revolução para o Distrito, que já contava com grandes personalidades de destaque político, disputando, inclusive, vagas no legislativo. Foi então criada uma entidade representativa, a "Associação Comunitária de Vila de Urucuia", organizada com a participação de toda a população e que pleiteava a emancipação política do Distrito, que, entretanto, não obteve sucesso em suas primeiras investidas. Esta associação contava com um pequeno contingente de pessoas entre elas os senhores Luiz Ribeiro Mendes, Antônio Soares de Oliveira, José Cavalcanti Melo, Joaquim do Rosário, Cesário, Fulgêncio Lisboa (Lozinho), Josué Gonçalves de Mendonça e outros.
Na década de 90, o desenvolvimento sócio-econômico de Urucuia tornou-se muito mais fácil, uma vez que as principais dificuldades já haviam sido superadas. O povo se organizava e a quantidade de participantes do Movimento Pró-Emancipação aumentava. Já existiam dois representantes do poder legislativo e foi então constituída a Comissão Emancipacionista e mais uma vez foi encaminhado o processo e novamente indeferido pelo TRE, com prazo restrito para o recurso. Logo em seguida, saiu uma comissão de Urucuia com destino a Belo Horizonte - MG, contando desta vez com advogado contratado para tentar solucionar o impasse.
Finalmente, no dia 27 de abril de 1992, O Distrito de Urucuia consolidou sua emancipação Política e Administrativa, nos quais se destacaram como principais participantes do Movimento Emancipacionista: Rutílio Eugênio Cavalcanti Filho, Luiz Ribeiro Mendes, Antônio Soares de Oliveira, Walter Soares (Chumbo), Osvaldo Soares (Barroso), Fulgêncio Lisboa (Lozinho), José Cavalcanti Melo (Zezim), Geraldo Anchieta, Joaquim do Rosário (Quinzinho), Cesário, Ilário, Antônio Vicente (Vicentão), Antônio Paulo Cavalcanti, José Alencar Cavalcanti, Brício, Josué Gonçalves de Mendonça, Valter Lopo Lisboa, Pedro Moreira, dentre outros.
Com a emancipação recente, os poderes Executivo e Legislativo ficarm a cargo das pessoas que contribuíram para a emancipação do município.
Fonte: Prefeitura Municipal de Urucuia
Autor do Histórico: PAULO ILDÉCIO GONÇALVES