Em 1737, com a chegada de José da Silva Paes e a fundação de Rio Grande, a Restinga também foi beneficiada. Um dos atos importantes do Brigadeiro foi à criação da Estância Real de Bojuru, em 1738. Foram, ainda, estabelecidos postos de vigilância ao longo da costa: as Guardas do Norte, do Estreito, do Capão do Meio e de Mostardas. Chegaram povoadores.
Em 1763, quando a Vila de Rio Grande caiu em poder dos espanhóis, a Restinga recebeu os refugiados. Mas as forças espanholas atravessaram o canal e ocuparam a Barranca do Norte com seu posto de vigilância (onde hoje situa-se a cidade).
Em 1764, os portugueses construíram o Forte da Barranca de São Caetano, comandado por Francisco Pinto Bandeira, e dali organizaram a resistência lusa até 1767, quando expulsaram os espanhóis da Barranca do Norte.
É durante a ocupação espanhola no Rio Grande (até 1776) que a região vê crescer sua importância estratégica para a colonização portuguesa no Continente de São Pedro. Surgem as primeiras freguesias: Mostardas (que iria emancipar-se em 1963) e Estreito, antigos postos de vigilância.
A povoação do Estreito, em meio a dunas móveis, mais de uma vez precisou trocar de lugar para não ter suas casas cobertas pela areia. A capela de Nossa Senhora da Conceição, nela construída, foi Matriz do Norte até 1812.
Mas, já em 1767, começa a aparecer em documentos o nome São José, dado ao Forte da Barranca, próximo ao Canal e recém reconquistado aos espanhóis (em homenagem ao rei D. José I de Portugal).
Em 1774, reacendeu-se a guerra platina e o governo de Buenos Aires veio com força, tendo como objetivo ? não alcançado - restaurar a linha de Tordesilhas, ocupando todo o Continente e a ilha de Santa Catarina. Foi a partir de São José do Norte que as tropas portuguesas, comandadas por Rafael Pinto Bandeira e o governador militar Marcelino de Figueiredo, atacaram e reconquistaram o Rio Grande para a Coroa Portuguesa.
A partir daí, os Fortes existentes na Restinga do Norte foram entrando em decadência - a linha de defesa deslocara-se para o sul. Mas a localidade de São José do Norte, por sua posição privilegiada junto ao Canal, continuou em desenvolvimento.
Em 1822, sua capela foi elevada à condição de Freguesia e, em 25 de outubro de 1831, o povoado recebeu a condição de Vila, tendo, em 15 de agosto de 1832, obtido a qualificação de Município, emancipando-se de Rio Grande.
Durante a Guerra dos Farrapos manteve-se aliada do governo central do Brasil, recebendo, por Decreto Imperial de 1841, a denominação de "Mui Heróica Vila de São José do Norte" pela resistência às tropas farroupilhas que, por ela, queriam chegar ao porto do Rio Grande.
Os rumos do desenvolvimento, a partir da metade do século XIX, deram-se em outras direções. São José do Norte por muito tempo teve como principais atividades econômicas o cultivo da cebola (chegou a ser o maior produtor de cebola do Brasil) e a pesca.
A partir da década de 70 do século passado viu suas terras serem ocupadas pelas plantações de eucaliptos e pinus que por um lado geram empregos e por outro, degradam o ambiente.
O caminho pelo qual chegaram os povoadores com o tempo ganhou o nome de "estrada do inferno", pois seu acesso difícil isolava as comunidades do interior da sede do município. Agora, no século XXI, essa situação está mudando, pois a estrada até Mostardas está "quase" pronta.
Formação Administrativa
Freguesia criada com a denominação de São José do Norte, por carta régia de 1204-1820, no município de Rio Grande.
Elevado à categoria de vila com a denominação de São José do Norte, por decreto nº 13, de 25-10-1831, desmembrado de Rio Grande. Sede na antiga vila de São José do Norte. Constituído do distrito sede. Instalado em 15-08-1832.
Por lei provincial nº 53, de 25-05-1846, é criado o distrito de Estreito e anexado ao município de São José do Norte.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído de 2 distritos: São José do Norte e Estreito.
Por ato municipal nº 316, de 15-01-1916, são criados os distritos de Bojuru, Mostardas e São Simão e anexado ao município de São José do Norte.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município de São José do Norte é constituído de 5 distritos: São José do Norte, Bojuru, Estreito, Mostardas e São Simão.
Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII1937.
Pelo decreto estadual nº 7199, de 31-03-1938, o distrito de São Simão é extinto sendo seu território anexado ao distrito sede do município de São José do Norte.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o município é constituído de 4 distritos: São José do Norte, Bojuru, Estreito e Mostardas.
Pela lei municipal nº 9, de 11-08-1951, é criado o município de Tavares, desmembrado do distrito de Mostardas e anexado ao município de São José do Norte.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1955, o município é constituído de 5 distritos: São José do Norte, Bojuru, Estreito, Mostardas e Tavares.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-VII-1960.
Pela lei estadual nº 4691, de 26-12-1963, desmembra do município de São José do Norte, o distrito de Mostardas. Elevado à categoria de município. Sob a mesma lei o distrito de Tavares é extinto, sendo território anexado ao distrito sede do município de Mostardas.
Em divisão territorial datada de 31-XII-1963, o município é constituído de 3 distritos: São José do Norte, Bojuru e Estreito.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
Fonte: LESSA, Barbosa. Rio Grande do Sul, Prazer em Conhecê-lo. 3ª ed. Porto Alegre: Editora AGE, 2000. VIEIRA, Eurípedes Falcão. Rio Grande, Geografia Física, Humana e Econômica. 1ªed. Porto Alegre: Editora Sagra, 1983. MACHADO, Sônia. O Longo Amanhecer do Sul. 1ªed. Porto Alegre: Editora mercado Aberto, 2000. CESAR, Guilhermino. Primeiros Cronistas do Rio Grande do Sul. 3ªed. Porto Alegre: Editora da Universidade, 1998. PRADO, Daniel. Operariado e Meio Ambiente: Um Estudo sobre os Trabalhadores da Indústria de Rio Grande. 1ªed. Rio Grande: Editora FURG, 2001. QUEIROZ, Maria Luisa. A Vila de Rio Grande de São Pedro. 1ªed. Rio Grande: FURG, 1987. ENCICLOPÉDIA dos Municípios Brasileiros. Vol. XXXIV. Rio de Janeiro: Conselho Nacional de Geografia e Estatística, 1959.
Autor do Histórico: MARIA DO CARMO R. TRUGILLO